Olhar...
Falar-vos-ei de um olhar,
Mas antes de começar desejo que todos vós olhem, vejam e reparem!
Desejo isto por achar que um dos maiores medos do Homem
É deixar de ver...é ficar cego!
Se eu tenho medo de ficar cego?
Sim, tenho medo da incapacidade de me orientar,
Medo de perder as imagens empíricas do mundo, tão belas, tão incertas...
Não, não tenho medo...por achar que não é com os olhos que vejo o mundo...
Por achar que os olhos me enganam...por achar que os olhos são cegos!
Não quero falar do medo...
Prometi falar de um olhar, é isso que vou fazer!
Conseguirei? Não sei...para falar sobre esse olhar é preciso que o tenha visto,
Mas terei visto? Os olhos enganam-me, os olhos são cegos!
Terei visto? Será real?
Esse olhar emana uma essência doce, uma linguagem única,
Uma linguagem que não consigo decifrar, uma linguagem que queria aprender,
Para que eu também pudesse olhar daquela maneira!
Esse olhar é aveludado e suave...envolve-me, acaricia-me...
Faz-me sentir nu, faz-me sentir que é apenas o seu veludo que me veste...
Que não preciso de vestes para não ter frio,
Que não preciso de vestes para não sentir vergonha de mostrar o meu corpo frágil,
Que não preciso de vestes para alimentar a vaidade!
Esse olhar liberta um brilho ofuscante...parece que me cega...
Parece que os meus olhos são cobertos por um lençol branco, fino, denso...
Deixo de me ver, deixo de ver o meu corpo...
E apenas respiro a essência doce, ouço a linguagem única e sinto a suavidade do veludo De um olhar...um olhar pelo qual me deixo ofuscar e seduzir pelo seu brilho...é único!
Não são os olhos que me oferecem esta imagem...mas sim o coração!
Não tenho medo de perder os meus olhos, pois continuaria a ver a beleza desse olhar...
Os olhos são cegos! É o coração que me faz olhar, ver e reparar...
É o coração que me faz amar!
Terei medo de cegar? Sim...
Se um dia eu cegar, foi porque o meu coração deixou de amar...
E eu não quero deixar de amar!
Gil